Sonhos
para
tocar
com
as
mãos
Não sonho mais com ele, e sim com o cavalheiro que me conduzia ao restaurante, charmoso e enigmático, embora cheio de manias.
Cris Guerra
Não é fácil recordar-me de meus sonhos. Há qualquer coisa que me impeça de fazê-lo. Não porque a maioria seja pesadelos ou por algum esquecimento intencional, mas talvez porque eu leve tempo, muito tempo, para elaborá-los.
Parece-me que os sonhos são peças de um complexo quebra-cabeça, em que algumas partes são selecionadas – sob quais critérios? – para vir à consciência e permanecer na memória indefinidamente. Outros fragmentos, no entanto, tendem a nunca emergir, mas sabe-se que estão lá, já que em muitos sonhos percebo uma ideia de continuidade, de que falta parte do texto ou, simplesmente, de que essa parte existe, porém oculta, incólume à lógica da vigília.
Há sonhos – aqueles dos quais me lembro – que são curtos e que, por isso, muitas vezes não consigo apreender o contexto, tão rápidos passam eles por minha mente. Outros, apesar de breves, são demasiados, intensos e então são rebobinados e novamente apreciados – e mesmo aparecem durante o dia, em forma de déjà vu.
Só que também há sonhos que parecem bastante extensos. Longos como uma vida, às vezes até enfadonhos... Alguns deles, na realidade, aspiram a filmes homéricos, tingidos com suspense e perseguição. Bom, nesses últimos, estou sempre em fuga...
Naturalmente, há grandes sonhos que, por tamanha grandeza, escapam a qualquer entendimento posterior. Mas há pequenos sonhos que parecem enormes em função de seu colorido e de seu movimento e, da mesma maneira, ainda sou incapaz de descrevê-los, quanto mais explicá-los. Afinal, penso que os sonhos não se explicam se não captarmos o raciocínio a que eles próprios se impõem, que é evidentemente distinto do raciocínio que temos quando estamos acordados.
Mas os sonhos, enquanto os sonhamos, não são menos que uma segunda dimensão de nossa realidade, vivida e experimentada como quando estamos de olhos abertos...
Um universo carregado de sentimentos e temperado com criatividade e poesia... Assim, magia desse mundo não deve jamais ser subestimada, pois, quando aquele quebra-cabeça estiver por completar-se, saberemos que os sonhos sempre foram nossa verdadeira morada.
Onde moramos de verdade
Já faz um tempo, tempo que não vivo de sonhos, depois de ter realizado alguns tudo voltou como era antes e eles foram apenas sonhos. Existe algo muito além dos sonhos para me motivar a viver,
eu só preciso perder algumas coisas pra isso.
Lembro-me que na minha infância sonhava com mais frequência, talvez seja pelo fato de não ter nada com que me preocupar, ou simplesmente por que crianças realmente são mais sonhadoras.
Quando criança tinha vários sonhos. Sonhos comuns que todos nós costumamos sonhar; Ser rica, ter uma casa com piscina, um carro, ter vários brinquedos, um quarto só para mim, ser filha única, aquela festa de aniversário, ter um cachorro, crescer rápido para não ter que obedecer aos nossos pais, casar, ter filhos, ter uma profissão que ganhe muito dinheiro e trabalhe pouco.
O tempo foi passando e os meus sonhos foram diminuindo, ficando cada
vez mais raros, não só os sonhos que temos quando estamos dormindo, esses então nem me lembro a ultima vez que os tive, mas também aqueles sonhos que temos de querer algo melhor para vida. Parei de sonhar porque por diversas vezes criei muita expectativa acerca de um sonho e ele não se realizou ou se realizou e depois não os tive mais e com isso deixei de acreditar em sonhos.